Seguindo a sequencia dos poemas da
Edda poética, encontramos outras referencias sobre o nosso tema, desta vez em
fontes mais recentes. A Völundarkvida (“A balada de Völundr, século XIII) narra
as peripécias de três filhos do rei da Lapônia. No momento em que estes caçavam
ao redor de um lago, observaram três mulheres que fiavam e possuíam a aparência
de cisnes. Elas eram valquírias e também filhas de reis (Ölrún, “senhora da
cerveja”; Hládwud Svánhvit, “branca como cisne”, Hérvor Álvit, “sábia”).
Acabaram sendo tomadas como esposas por um período de sete anos, mas depois
retornaram ás suas atividades em batalhas e não mais regressaram. Percebemos
que apesar da continuidade na associação
das valquírias como as três nonir, tecendo o destino dos homens, surge uma nova
imagem. Desta vez as donzelas são representadas com características de cisnes e
acabam casando, além de pertencerem diretamente à realeza. O simbolismo deste
animal vincula-se com sua cor, branca, manifestação do poder e da graça da luz.
Apesar de a estrutura narrativa
desse episódio ser um tema comum nas mitologias de origem indo-européia, sua
inserção na trajetória do mito ocorre tardiamente na Era Viking. Segundo alguns
pesquisadores, essa transformação foi resultado do longo trabalho de poetas
após muitas gerações. Relacionados diretamente com as cortes reais dos
escandinavos, muitos poemas foram realizados para dignificar publicamente reis
e heróis. Com isso as donzelas-cisnes
surgem como integrantes importantes da narrativa heroica, elo sobrenatural
entre o mundo odínico e a realeza. No poema Völundarkvida elas são filhas de
reis e foram tomadas por guerreiros valorosos. Mas não podiam fugir às suas
características básicas de agentes do destino, de tecelãs da vida dos homens.
Após nove anos, as três donzelas-cisnes fogem e retornam à sua condição
primordial de valquírias. O numero nove é o mais sagrado na religião viking,
associado ao deus Odin (principalmente ao período em que ele ficou enforcado na
árvore Yggdrasill).
Adaptação
do livro: Deuses, Monstros, Heróis (Jhonni Langer)
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